O que é Síndrome das Pernas Inquietas?
É uma sensação de desconforto nas pernas, não dolorosa, acompanhada de uma irresistível vontade de mexê-las. Os pacientes usam vários termos para tentar descrever o que sentem: “agonia nas pernas”, “coceira nos ossos”, “alfinetadas”, “insetos caminhando pelas pernas”, “pernas querendo dançar sozinhas”, entre outras. Pode ser sentida também nos braços em casos mais graves.
Os sintomas pioram ou só aparecem quando o indivíduo está descansando e desaparecem com movimento. Pioram à noite, especialmente quando o indivíduo se deita. Movimentos dos pés dedos e pernas são vistos quando o indivíduo está sentado ou deitado. Essa inquietação pode ser interpretada erroneamente como nervosismo.
É preciso não confundir esse distúrbio com certos movimentos rítmicos e repetitivos que aparecem quando a pessoa está distraída ou muito tensa. Há quem balance as pernas enquanto lê, escreve ou vê televisão, mas isso nada tem a ver com a síndrome das pernas inquietas. São cacoetes que desaparecem assim que a pessoa se dá conta do que está fazendo.
Os sintomas de SPI podem causar dificuldade para adormecer e permanecer dormindo. Aproximadamente 80% das pessoas com SPI têm também movimentos periódicos dos membros durante o sono (PLMS), esses “puxões” acontecem a cada 20-30 segundos durante a noite toda, causam microdespertares que interrompem o sono.
Por causa da dificuldade de dormir e manter-se no sono, as pessoas se sentem cansadas e sonolentas durante o dia, aumentando irritabilidade, inabilidade para lidar com o estresse, depressão, dificuldade para concentração e memória. Por causa da urgência em movimentar as pernas, longas viagens e atividades de lazer são quase impossíveis.
Tipos de síndrome das pernas inquietas. Há dois tipos de síndrome das pernas inquietas:
1. Síndrome das pernas inquietas primária ou idiopática:
Esse é o tipo mais comum. É chamado primário ou idiopático por não ter uma causa identificável, mesmo após a investigação realizada pelo médico. Estudos mostram que nestes casos existe um importante componente genético no surgimento da doença. A síndrome das pernas inquietas primária, uma vez que aparece, geralmente torna-se uma condição para toda a vida. Com o passar do tempo os sintomas tendem a piorar e ocorrem mais freqüentemente, especialmente se a síndrome das pernas inquietas primária começar quando a pessoa é jovem. Em casos leves, pode haver grandes períodos sem sintomas, ou os sintomas podem durar um tempo limitado.
2. Síndrome das pernas inquietas secundária:
Esse tipo é causado por outra doença ou condição médica, e algumas vezes por certos medicamentos. Os sintomas geralmente desaparecem quando a pessoa fica boa ou melhor da doença ou condição médica, ou quando pára de tomar o medicamento que causou a síndrome das pernas inquietas.
A síndrome das pernas inquietas secundária é causada por certos medicamentos ou por outra doença ou condição médica. Algumas doenças e condições médicas que podem causar a síndrome das pernas inquietas secundária são:
* Deficiência de ferro, com ou sem anemia.
* Falha nos rins.
* Diabetes.
* Mal de Parkinson.
* Danos ao nervos das mãos ou pés.
* Artrite reumatóide.
* Gravidez.
A síndrome das pernas inquietas secundária é comum em mulheres grávidas, ocorrendo nos últimos 3 meses de gravidez e geralmente melhorando ou desaparecendo em algumas semanas depois do parto. Porém, algumas mulheres podem continuar a ter os sintomas depois do parto ou desenvolver síndrome das pernas inquietas de novo mais tarde.
É geralmente diagnosticada somente após vários anos de sintomas em adultos de meia idade. Alguns destes já apresentavam os sintomas desde a infância e podem ter sido chamados de dor de crescimento ou hiperatividade, porque a criança não parava quieta na hora da aula. Crianças inquietas, hiperativas que pedem para massagear suas pernas na hora de dormir podem estar manifestando a SPI.
Diagnóstico
O diagnóstico de SPI é feito através da história clínica e da descrição das sensações. Não há exames laboratoriais que confirmem o diagnóstico, mas estes podem ser feitos para afastar outras doenças do sono. O exame de sangue é necessário para medir a deficiência de ferro. A polissonografia pode evidenciar os movimentos periódicos de membros à noite, reforçando o diagnóstico e avaliando a influência destes movimentos na qualidade de sono do indivíduo.
Tratamento
O tratamento oferecido tem como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas com SPI, balanceando riscos e benefícios.
Se uma deficiência de ferro for detectada, utiliza-se suplemento de ferro, vitamina B12, que pode ser suficiente para acabar com os sintomas.
Muitos pacientes com SPI têm seus sintomas causados ou agravados, pela utilização de outros medicamentos.
Certos hábitos e costumes podem piorar os sintomas de SPI. Uma boa higiene do sono deve ser seguida, pois a fadiga e sonolência tendem a piorar os sintomas. Higiene do Sono significa encontrar o melhor horário para dormir e acordar e mantê-lo todos os dias, dormindo o mesmo número de horas. Exercícios físicos moderados são recomendados até seis horas antes do horário de dormir. Para algumas pessoas, ao contrário, exercícios físicos logo antes de dormir são benéficos.
Apesar da cafeína aparentemente melhorar os sintomas, ela os intensifica e os atrasa para mais arde da noite. A melhor solução é evitar todos os produtos com cafeína: café, chá mate, chá preto, refrigerantes, chocolate e alguns medicamentos. O consumo de bebidas alcoólicas aumenta a intensidade dos sintomas, de novo a melhor solução é evitá-las.
Atividades físicas como banho quente, massagens, técnicas de relaxamento, trabalhos manuais, alguma outra atividade que mantenha a mente ocupada, podem ser benéficas, mas dependem da gravidade dos sintomas de cada pessoa. Algumas pessoas não conseguem encontrar alívio com qualquer atividade e precisam de medicamentos.
Alguns medicamentos são utilizados para o tratamento da SPI como agonistas dopaminérgicos, sedativos, medicações para dor e anticonvulsivantes. Cada droga tem seus benefícios, limitações e efeitos colaterais. A escolha da medicação depende da gravidade dos sintomas. Procure um médico especialista em distúrbios do sono para conduzir o tratamento mais adequado ao seu problema.
Como se trata de um distúrbio crônico, o acompanhamento com seu médico a procura de tratamento equilibrado é fundamental para se viver bem e com qualidade apesar da SPI.